Renha do Livro: O Menino que Desenhava Monstros – Os pesadelos são reais.

O Menino que Desenhava Monstros não é apenas um livro sobre o paranormal. Ele traz a monstruosidade das incongruências de uma mente fora dos padrões esperados pela sociedade.

Renha do Livro: O Menino que Desenhava Monstros. Os pesadelos são reais.
Renha do Livro: O Menino que Desenhava Monstros. Os pesadelos são reais. (Fonte: GMRhaekyrion)

O Menino que Desenhava Monstros é um livro publicado pela editora DarkSide em 2016. Escrito por Keith Donohue, a história se centra nos Keenam e as dificuldades de criar uma criança com a Síndrome de Asperger enquanto enfrentam uma crise conjugal.

Quem conhece a DarkSide vai entender o magnetismo causado por suas capas. Sou atraída pela arte gráfica antes do conteúdo do miolo, que costuma estapear-me com enredos avassaladores, normalmente divergentes do convencional.

A criança médium que fui me guiou para essa obra como se já conhecesse seu protagonista e desejasse trocar experiências paranormais. Jack a compreendeu, mais do que imaginei.

O Menino que Desenhava Monstros: Sonhos Reais ou Realidades Sonhadas?

Jack Peter, um garotinho de 10 anos, que carrega o trauma de um quase afogamento, sofre com a Síndrome de Asperger, que é caracterizada por afetar a capacidade de socialização de um indivíduo. Ela resvala no autismo quando o assunto é interagir com o mundo e com seres que nele habitam.

Por temer sair de casa, Jack é um menino solitário e recluso, que ama desenhar. Seus pais, Holly e Tim Keenam, são os maiores defensores da sua cria, tentando de todas as formas fazê-lo viver feliz.

Holly e Tim enxergam a condição de seu filho apenas como um detalhe a ser considerado. Adaptam a rotina com criatividade, trazendo o mundo para Jack experimentar à medida que cresce.

Harmoniosos e felizes? Até que…

Em uma manhã fria, Holly é agredida por Jack, que a confundiu com um monstro de seus pesadelos. Exausta física e emocionalmente, Holly, sucumbe ao pavor ao perceber a distância entre os dois, a recusa dele quanto ao seu colo e o fato de Jack não ser mais o bebê facilmente contido nas piores crises.

Tripla jornada de trabalho somada a negligência parental, levam Holly ao extremo quando uma sombra esquisita ronda a casa durante a noite, perturbando o parco sono daquele casal que se recusa a acreditar que o casamento acabou.

Querido diário, hoje eu…

Renha do Livro: O Menino que Desenhava Monstros. Os pesadelos são reais. (Fonte: GMRhaekyrion)
Renha do Livro: O Menino que Desenhava Monstros. Os pesadelos são reais. (Fonte: GMRhaekyrion)

Eu tenho um diário emocional e um diário de escrita, parte do que coloco nele trago como reflexão para o blog (você pode conferir aqui). Desabafo nas linhas silenciosas do papel em busca de entender a confusão de pensamentos produzidos pela ansiedade. Algumas vezes, pouquíssimas, escrevi meus sonhos.

Jack é um menino que interpreta o mundo através dos desenhos. É na folha em branco e com os lápis coloridos que ele expressa emoções complexas demais para serem compreendidas por uma criança. Ele descarrega os anseios, as dores, o estresse. Ele sente a crise no casamento dos pais, a falta da mãe que trabalha para sustentar a casa e as ações automáticas do pai, que deixou a carreira para cuidar do lar e vem fazendo-o com cada vez menos presença de espírito.

Ele percebe essas nuances e as interpreta desenhando, assim como o faço quando escrevo no meu diário. E como toda criança, Jack projeta seus planos e desejos, as idealizações de um espírito solitário carregado de saudade.

“Na sala de espera, Tim ficou aguardando com os outros pais e seus filhos espalhados pelo ambiente, cada um com sua doença secreta.”
Keith Donohoue.

O Menino que Desenhava Monstros não é apenas um livro sobre o paranormal. Ele traz a monstruosidade das incongruências de uma mente fora dos padrões esperados pela sociedade. Quando os pensamentos e a ansiedade são tão graves que se tornam sintomas físicos, paralisando ações simples, como ir ao consultório de um médico ou brincar no jardim de casa, qual a solução?

Terapia, remédios e, então, mais terapia e mais remédios. Jack foi tratado como um cavalo de raça que precisa melhorar o desempenho. Ajusta um remédio aqui, coloca outra dose acolá, então pensamos que tudo está bem, só pelo fato dos gritos corriqueiros se tornarem parcos ou nulos.

Quantos sorrisos esboçamos quando queremos chorar?

Gosto desse livro pela existência de uma zona nebulosa expressada por Jack, como um pedido de: ME ENXERGUEM! Uma criança com a necessidade de ser vista por quem é, apenas.

Tim e Holly estão tão perdidos dentro de si e tão focados em tratar o filho, que nem ao menos pensam em se tratar. Buscar ajuda profissional para o menino dentro do espectro autista é o esperado. Buscar ajuda para lidar com os milhares de desafios da condição de Jack deveria também ser.

Na cegueira parental, Jack se fez ver. Se fez ouvir e se fez sentir. De um jeito sombrio e assustador, mas eficaz.

“O sangue, era o sangue o que mais despertava o interesse de Jack Peter.”
Keith Donohoue.

Será que uma criança é capaz de ter vontades homicidas?

Beijos de Fogo

BookTrailer O Menino que Desenhava Monstros

Ficha Catalográfica O Menino que Desenhava Monstros

Renha do Livro: O Menino que Desenhava Monstros. Os pesadelos são reais.

Autor: Keith Donohue
Editora: Darkside Books
Gênero Literário: Thriller Psicológico
Número de páginas: 256

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